Monday, September 21, 2009
intemporalidade tonta
...algumas vezes engulo em grosso os momentos que passo aqui...já pensei que a solução seria ter nascido nos anos 20/30 e poder desfrutar dos musicais americanos, da brodway e mgm........mas hoje pensei que algo mais neutro e intemporal: ser um desenho...estou ainda indecisa se animado ou gráfico?
Wednesday, September 02, 2009
o deserto também me vai acompanhando na leitura....
"Ah, mas o mundo árabe não funciona assim! A regra principal é: nada tem uma solução definitiva e não há nada que não tenha algum tipo de solução provisória."
"Contei-te então que tinha reparado que o nosso guia, o Ali, conhecia um dos tuaregues da caravana e que se haviam sentado os dois no chão, de mãos dadas e numa estranha lengalenga: um fazia uma série de perguntas breves a que o outro dava respostas igualmente breves; e, depois, invertiam os papéis - o que tinha estado a responder passava a perguntar e o outro passava a responder. E, quando o estranho diálogo acabou, ficaram os dois em silêncio, sempre de mãos dadas e a olhar em frente.
- O que é que eles perguntam um ao outro?
- Como tens passado? Como está a tua mulher? E os teus pais? E os teus filhos? E os teus irmãos? E o teu rebanho? E as tuas pastagens? E por aí fora...
- E porque é que ficam calados depois?
- Porque já não têm mais nada de importante para dizer.
Fiquei a pensar na tua resposta: "Ficam calados porque já não têm mais nada de importante para dizer." E fiquei a pensar no que me tinhas dito antes, sobre os sahraoui: "Como não têm nada, absolutamente nada, poupam tudo. Poupam a água, a comida, poupam as energias viajando de noite para evitar o calor. Até poupam nas palavras."
"Depois disso, voltei onze vezes ao Sahara.(...) Mas voltei, porque o deserto tornou-se quase um vício e a minha íntima religião, o único divino a que prestava contas e onde me reencontrava."
(all in "No teu deserto", de Miguel Sousa Tavares)
"Contei-te então que tinha reparado que o nosso guia, o Ali, conhecia um dos tuaregues da caravana e que se haviam sentado os dois no chão, de mãos dadas e numa estranha lengalenga: um fazia uma série de perguntas breves a que o outro dava respostas igualmente breves; e, depois, invertiam os papéis - o que tinha estado a responder passava a perguntar e o outro passava a responder. E, quando o estranho diálogo acabou, ficaram os dois em silêncio, sempre de mãos dadas e a olhar em frente.
- O que é que eles perguntam um ao outro?
- Como tens passado? Como está a tua mulher? E os teus pais? E os teus filhos? E os teus irmãos? E o teu rebanho? E as tuas pastagens? E por aí fora...
- E porque é que ficam calados depois?
- Porque já não têm mais nada de importante para dizer.
Fiquei a pensar na tua resposta: "Ficam calados porque já não têm mais nada de importante para dizer." E fiquei a pensar no que me tinhas dito antes, sobre os sahraoui: "Como não têm nada, absolutamente nada, poupam tudo. Poupam a água, a comida, poupam as energias viajando de noite para evitar o calor. Até poupam nas palavras."
"Depois disso, voltei onze vezes ao Sahara.(...) Mas voltei, porque o deserto tornou-se quase um vício e a minha íntima religião, o único divino a que prestava contas e onde me reencontrava."
(all in "No teu deserto", de Miguel Sousa Tavares)
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